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Engenharia social: o crime que se alimenta da sua credibilidade.

Imagem gerada por IA
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📌 Por Marcus Vinicius de Menezes Reis - www,mvreis.com.br


Você pode não perceber, mas a essa altura é bem provável que seus dados pessoais estejam nas mãos erradas. E não estamos falando apenas de cadastros formais, bancos ou serviços que você contratou conscientemente. Há um mercado subterrâneo – e, em muitos casos, nem tão subterrâneo assim – onde CPF, endereço, telefone, histórico financeiro e até vínculos empresariais circulam livremente, sendo negociados como qualquer outro produto.


O que preocupa é que, uma vez vazadas, essas informações escapam do controle. Com um simples CPF em mãos, criminosos conseguem montar um perfil detalhado da vítima: onde mora, com quem tem vínculos, quais empresas já integrou, quais bancos frequenta. Parte desses dados vem de registros públicos, mas o cenário se agrava com a explosão de vazamentos cada vez mais frequentes de bancos de dados de empresas privadas e até de órgãos governamentais – muitos deles discretos, quase invisíveis ao grande público.


É nesse contexto que entra a engenharia social – o ponto em que o golpe deixa de ser aleatório e se torna cirurgicamente direcionado. O criminoso não quer apenas invadir seu sistema como um hacker clássico; ele quer invadir sua confiança, persuadir e manipular sua mente. Para isso, usa justamente as informações que obteve de forma indevida. Ele se passa por alguém da sua confiança: um parente em apuros, um advogado fictício, um funcionário do banco ou da operadora. A fraude ganha força porque carrega dados reais.


WhatsApp, redes sociais, e-mails personalizados – tudo vira ferramenta. Com acesso às suas fotos, contatos e dados, o criminoso estrutura abordagens que parecem legítimas e dispara milhares de tentativas por dia. Basta que uma pequena parte das vítimas caia, e o esquema já se paga – e se alimenta. Uma verdadeira indústria do golpe se fortalece na base do volume, da manipulação e, acima de tudo, da informação.


Para completar o cenário, o verdadeiro golpista raramente aparece. Quem acaba respondendo são os chamados “laranjas” – pessoas humildes, desavisadas ou até falecidas, cujos CPFs são utilizados para abrir contas e movimentar os valores desviados. Quando o crime é descoberto, o CPF vinculado à fraude pertence a alguém que sequer sabia do que estava acontecendo, enquanto o fraudador real já está operando com outro nome e outro número


As consequências, por sua vez, são gravíssimas. De empréstimos tomados indevidamente em seu nome a contratos fraudulentos e transferências via PIX, os efeitos são difíceis de reverter – tanto no âmbito financeiro quanto psicológico. Enquanto isso, os responsáveis pelos vazamentos seguem, na maior parte das vezes, impunes. A legislação avança lentamente, e as estruturas de proteção de dados ainda estão muito atrás da velocidade dos criminosos.


Por isso, a melhor defesa é a informação e a cautela. Desconfie de abordagens incomuns, proteja seus dados, evite fornecer informações pessoais por telefone ou mensagens, por mais plausíveis que pareçam.


No fim das contas, é exatamente isso que o golpista busca: usar dados vazados para dar credibilidade à fraude. Quando a abordagem parece legítima, quando os dados batem, a chance de a vítima cair aumenta – e o ciclo criminoso se perpetua.


Você não foi hackeado. Simplesmente, seus dados já estão à venda faz tempo.



 
 
 

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